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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Herança da ditadura Getúlio Vargas, "A Voz do Brasil" vai deixar o horário obrigatório das 19 horas

Quarta 14/03/18 - 8h48

Um resquício dos tempos de Getúlio Vargas deverá sofrer alteração em breve. O plenário da Câmara Federal aprovou, ontem à noite, projeto que flexibiliza o horário de transmissão pelas rádios do programa diário A Voz do Brasil, que divulga a ação dos três Poderes. O projeto - depois de tramitar por 15 anos - seguirá para sanção presidencial.
OBRIGADAS
As emissoras de rádio não podem escolher quando transmitir o programa. Desde 1935, são obrigadas a colocar "A Voz do Brasil", no ar, das 19 horas às 20 horas. Com a proposta aprovada, as mais de 5 mil emissoras regulares de rádio poderão veicular A Voz do Brasil entre 19 horas e 22 horas (horário de encerramento da difusão do programa).
ENCERRAR
As rádios educativas terão de transmitir o programa às 19 horas, e só as rádios ligadas ao Poder Legislativo ficarão autorizadas a encerrar a transmissão às 23 horas.
DITADURA
O programa foi criado por Armando Campos, amigo de infância de Getúlio Vargas, e passou ser transmitido em 22 de julho de 1935 com o nome de Programa Nacional. De 1934 a 1962, foi levado ao ar com o nome de Hora do Brasil.
PROPAGANDA
Passou a ser retransmitido obrigatoriamente por todas as emissoras do país, entre 19:00 e 20:00 em 1938, somente com a divulgação dos atos do Poder Executivo. Getúlio Vargas usava a Hora do Brasil para fazer longos discursos.
AUTORITÁRIO
Para o jornalista e professor da USP, Eugênio Bucci, “a Voz do Brasil não cumpre nenhuma função de interesse público” e deveria ter retransmissão voluntária:
“Um dos mais gritantes casos de resquício autoritário que ainda permanece na legislação é ‘A Voz do Brasil’, um programa transmitido obrigatoriamente todos os dias pelas emissoras de rádio. O programa não cumpre nenhuma função de interesse público, não atende a nenhum direito dos cidadãos, só se mantém no ar pela resistência de uma mentalidade que se acomodou no dispositivo legal do período autoritário da era Vargas.

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