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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A verdade histórica Manoel Hygino - Hoje em Dia (07/12/16) Em 9 de novembro, em sua Universidade Livre, a Academia Mineira de Letras recebeu o advogado e escritor Petrônio Braz, para palestra ao ensejo dos 40 anos do lançamento do romance “Maíra”, de Darcy Ribeiro. O conferencista lembrou que nascido em 1922, o autor parece identificar-se cm os primitivos habitantes da terra, com os índios das tribos que aqui existiram, senhoras da região do Grande Sertão, de Guimarães Rosa. Darcy explicou que o esquema de “Maíra”, em linhas gerais, já o definia como um romance de dor e de gozo de ser índio. Tentou dar vida ao drama de Avá, uma espécie de índio-santo sofredor, na luta impossível para deixar de ser um sacerdote cristão para voltar a sua integridade original. Enquanto ouvia Petrônio na AML, pensei no Rio Grande do Sul, onde muito ainda se cultiva o respeito pelos índios. Pensei em Nélson Hoffmann, advogado e ex-prefeito de Roque Gonzales, jovem cidade gaúcha fronteiriça da Argentina, do lado de cá do rio Uruguai; e Ruy Nedel, de Cerro Largo, ex-deputado federal, constituinte, historiador, autor de “Memoriando a História do Sul”, dentre outros, ambos escritores e defensores dos índios, de sua identidade e de sua cultura. Para Nedel, a história foi redigida ao sabor dos colonizadores, os conceitos de justiça totalmente escamoteados, os reinos usaram a cruz onde a espada e o arcabuz não tinham força para promover a conquista. Os missionários podiam ter boas intenções, mas a estrutura do poder decidia os fins. Aliás, em recente artigo em “O Nheçuano”, jornal de Roque Gonzales, Nedel lembrou exatamente o autor mineiro, dizendo que “o antropólogo Darcy Ribeiro foi uma autoridade inconteste na recente história do Brasil”. Político taxativo e corajoso, foi ministro de Estado, senador da República, secretário de Educação do Rio de Janeiro em um dos governos de Leonel Brizola, fundador da Universidade de Brasília (UnB) e por ela doutor “Honoris Causa”. O depoimento do gaúcho Nedel, ardoroso defensor dos índios do Brasil, dentro e fora do Parlamento, é valioso para se ter uma ideia exata da importância de Darcy em defesa da causa. Nunca abriu mão de sua vocação de antropólogo. Na antropologia, dedicou-se com esmero aos povos nativos das Américas e suas civilizações, das mais avançadas às mais rudimentares. Aprofundou-se nos estudos e denúncias ao dantesco genocídio praticado contra os povos nativos por parte dos conquistadores”. A despeito da dificuldade de comunicação, os espanhóis sabiam que o mundo condenava sua política homicida, que virou genocídio. Em 1556, o governo de Madri tentou apagar a verdade através de um decreto. Os termos “conquista” e “conquistadores” deviam ser substituídos por “descubrimiento” e “pobladores.” É o capítulo mais doloroso da história da América Latina. Na luta das habitantes pela terra e que lhes pertencia, destacou-se Frei Bartolomeu de las Casas, que encontrou dura resistência. Seus escritos e denúncias foram confiscados pelos reis católicos da Espanha, Fernando e Isabel. Um mosteiro em que se encontravam essas preciosidades foi invadido em Madri e sumariamente queimadas. Para decepção dos contestadores, cópias foram salvas pelos dominicanos da França.

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