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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Adélia soma prêmios Manoel Hygino Nome, Divinópolis. O topônimo significa cidade do Divino e recebeu o nome atual em 1912. Mas é um núcleo dos mais importantes de Minas: de centro ferroviário, sede de indústrias, de comércio forte, de muito que é bom existente em Minas. A hidrelétrica de Gafanhoto, instalada no Governo de Valadares, rica por lá, um ambiente paradisíaco. Mas José Luciano Pereira, nascido lá, empresário, autor de dois livros de crônicas, que me fez a doação de um exemplar com a obra completa da Adélia Prado, comenta que, no auge do rock`n roll, nem tudo que aparecia lá era bem aceito imediatamente. “Nossa Divinópolis, apesar de cidade progressista, sempre guardou para si a tradição das famílias, quanto aos bons costumes, muitas vezes arraigados em preconceitos”. Adélia recebeu, faz pouco, o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, a mais importante honraria da instituição. Estava festejando, à altura de seus 88 anos, a distinção, quando se soube vencedora do Prêmio Camões, 1924, o que equivale a 100 mil euros, segundo o Ministério de Cultura de Portugal. É a primeira mineira a vencer a fascinante premiação, já que os anteriores eram homens: Autran Dourado, Rubem Fonseca e Salviano Santiago. Professora, filósofa, romancista, Adélia é autora de uma obra muito original ao longo de décadas e sua poesia, na apreciação de Marcos Luchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, é lírica, metafísica, amorosa e existencial, antiga e moderna, um dos nomes mais importantes da língua portuguesa”. Em “Bagagem”, a escritora confessa: “Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia, sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia”. O estilo é inconfundível, alerta Augusto Massi. E pergunta: “A sexualidade, debatida nos divãs dos psicanalistas ou em programas de televisão, pode correr solta pela carne e pela imaginação de uma mineira casada, quarentona, mãe de cinco filhos”? O catolicismo também gerava certo incômodo e era visto com desconfiança por quem havia mergulhado de cabeça na militância dos anos rebeldes, mas Adélia Prado desarmou a todos. A própria escritora revela que a sua primeira aproximação da experiência poética se deu quando descobriu que São Francisco de Assis escrevia, cantava e tocava banjo. “Mas é este santo que eu quero”, desabafou. Ex-presidente da Academia Mineira de Letras, Rogério Faria Tavares não deixa passar oportunidade e não emudeceu: “Ela é irmã do primeiro frade franciscano de Divinópolis, Frei Antônio do Prado. Ela integrou a Ordem Terceira de São Francisco na cidade e Adélia assinava publicações com pseudônimo de Franciscana”.

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