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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 5 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Vez dos Pardos Manoel Hygino A imprensa do país deu ênfase à notícia do dia 13 de dezembro: oferecendo um retrato do Brasil, informava que, pela primeira vez, a maioria de nossa população é de pardos. Além: quem o contava era o próprio segmento assim classificado. Em resumo: nós dissemos que éramos pardos na maioria, segundo o Censo do IBGE em 2022. A parcela de brancos caiu de 51,6% para 43,5% presentemente, ao passo que a de pardos se declarou de 45%, tendo aumentado além dos 42,5% anteriores. Com informes coletados pelos recenseadores mostraram que, entre 2010 e 2022, a participação dos pardos cresceu em todos os grupos de idade pesquisados, enquanto a população branca sofreu diminuição em todas as faixas etárias. Dado que desperta curiosidade: no país, apenas nove municípios exibem população predominantemente preta, o que equivale a 0,1% das cidades brasileiras, sendo oito na Bahia, e apenas uma no maranhão - Serrano do Maranhão. A gente negra está dispersa na imensidão do território nacional, com concentração no Recôncavo da Bahia. No restante do país, observa-se uma concentração importante no Rio de Janeiro. Outro detalhe: em Morrinhos do Sul, em terra gaúcha, 97% se autodeclarou branca, o índice mais elevado em todo o território nacional. Restaria, para sentir melhor a questão, saber quem é pardo. Busquei informação em Manik Zacharias, médico, já falecido, nascido em Curitiba, muito perseguido pela revolução de 1964, que o manteve preso por extenso período. Zacharias, estudioso de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, elaborou um index com cerca de mil páginas (Lexicologia de “Os Sertões”) explica que sobre “a cor parda, intermediária entre o branco e o preto, ou entre o amarelo e castanho”, ou “indivíduo de pele escura, mulato”. Quanto a mulato é “mestiço de branco e negro”. Mais adiante, para definir “mestiço”, explica que se origina de raças diferentes, nascido de país de raças diferentes. O pesquisador curitibano amplia seu pensamento, à base de Euclides: “Adstrita às influências que mutuam, em graus variáveis, três elementos étnicos, a gênese das raças mestiças no Brasil é um problema que por muito tempo ainda desafiará o esforço dos melhores espíritos”. E, na página 87: “Oras toda essa população perdida num recanto dos sertões, lá permaneceu até agora, reproduzindo-se livre de elementos estranhos, como, que insuflado e realizando, por isso mesmo, a máxima intensidade de cruzamento bem definido, completo”.

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