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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um Andrada em cena Manoel Hygino Em tempo de campanha política e às vésperas do pleito de outubro, recordo Joel Silveira, um jornalista sobre o qual quase não mais se fala, que cobriu a II Grande Guerra, excelente no texto e formulador de perguntas perversas. Pois, em 1943, ele se programou para uma entrevista com Antônio Carlos, ex-presidente de Minas (dizia-se governador), ex da Assembleia Nacional, líder da Aliança Liberal, ministro da Fazenda e substituto eventual de Vargas, chefe da nação, pois a Carta não previa um vice. Liberado dos compromissos políticos, no Rio de Janeiro, sede do governo da República, Antônio Carlos e Joel se encontraram, se bem que o mineiro lhe adiantara que entrevista não daria. Na mesa do Andrada, centenas, milhares de pedidos de empregos, cartas de apresentação, aposentadorias, melhorias de ordenado etc. Antônio Carlos só dizia: “perfeitamente, perfeitamente”, consoante definição de que é capaz de “tirar a meia sem tirar o sapato”. Joel Silveira conta que, com 71 anos de idade, o Andrada não perdera nenhuma de suas características: o mesmo homem, fino, elegante, maneiroso, de bom humor, hábil em conduzir a conversa, não se atordoa, não fugia às perguntas, respondendo-as a seu jeito. Fora redator do “Jornal do Comercio”, de Juiz de Fora. Em 1918, Antônio Carlos deixou o Ministério da Fazenda, de que era titular, dirigindo-se à Companhia Sul América, em que era segurado. Precisava fazer um empréstimo de sete contos de réis, uma ninharia. Durante o conflito mundial, passara por suas mãos todo o dinheiro do país, mas saiu pobre. O presidente da Sul América, Moreira Magalhães, conhecedor do fato, ficou admirado. Como é que uma pessoa que, durante a Guerra, tinha ordem de sacar em banco contra todos os bancos da nação, necessitava com urgência daquele dinheirinho? Antônio Carlos foi chamado à diretoria e o presidente do estabelecimento se explicou: - Quero abraçar o homem que, deixando o Ministério da Fazenda, vem pedir sete contos emprestados. O ex-presidente de Minas e da Constituinte esclareceu como de outras vezes: “Os Andradas nunca se preocuparam com dinheiro”.

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