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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 6 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O cérebro humano avança pelos séculos, mas o coração não progride há 2000 anos Introdução da ´Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo´, que a Rádio Nacional do Rio levava ao ar durante a Semana Santa, para vermos a maravilha do texto, que deve ter sido escrito pelo jornalista e poeta Giuseppe Ghiaroni, daquela emissora carioca. Antes, porém, um pouco da história dele: ´Giuseppe Ghiaroni Nome completo: Giuseppe Artidoro Ghiaroni Nascimento: 22 de fevereiro de 1919 Paraíba do Sul, RJ Morte: 21 de fevereiro de 2008 (88 anos) Rio de Janeiro, RJ Nacionalidade: brasileiro Ocupação: jornalista Filho de Giuseppe Artidoro Ghiaroni e Michelina Grieco, imigrantes italianos de origem humilde, o pequeno Ghiaroni foi aprendiz de ferreiro, ajudante de cozinha e office-boy. Ao mudar-se para a cidade do Rio de Janeiro, trabalhou como redator do ´Suplemento Literário´ e no jornal ´A Noite´, de onde passou para a Rádio Nacional (ambas as empresas ficavam no mesmo edifício, na Praça Mauá, centro do Rio) onde consagrou-se como cronista daquela emissora. Foi o autor de ´Mãe´, uma das novelas de maior sucesso da Rádio Nacional e que em 1948 foi transformada em filme (Mãe) com a direção de Teófilo de Barros Filho. Radiofonizada por Giuseppe Ghiaroni e baseada no maior tema religioso e dramático da humanidade, `A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo` foi ao ar pela primeira vez em 27 de março de 1959, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo reuniu quase uma centena de artistas para fazer as vozes dos personagens bíblicos. O trabalho contava com a narração de Cesar Ladeira e a locução de Aurélio Andrade e Reinaldo Costa e participação de todo o então famoso cast de rádio-teatro da emissora. Anualmente era reproduzida em capítulos durante a Sexta-Feira da Semana Santa. Ghiaroni foi ainda contratado da Rede Globo. Entre outros trabalhos, assessorou Chico Anysio na década de 1990, quando este produzia a ´Escolinha do Professor Raimundo´. E agora vejamos e reflitamos sobre parte do texto que abria a radiofonização da Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo: ´Jesus, meu Senhor, nesta Sexta-Feira santificada pela Sua Paixão, pelo Teu sangue, pelas Tuas lágrimas, eu pecador atrevi-me a abrir os Evangelhos e a ler em voz alta para meus irmãos pecadores a Palavra da Tua boca e a mensagem do Teu martírio. Atrevi-me a tanto porque procurava um caminho para a minha alma e para a minha consciência e queria que outros o encontrassem comigo. Queria que outros percebessem o quanto és Vivo, o quanto és Real, o quanto és infinitamente Consolador. Queria que outros sentissem a Tua Presença neste mundo, que parece novo, e é tão velho em seu materialismo impiedoso, ao passo que Tu te renovas a cada dia em Teu imenso Amor e Teu generoso Perdão. Neste mundo que se perde no emaranhado do progresso técnico e científico, sem saber evitar que as próprias máquinas que deveriam libertar o homem não sirvam senão para escravizá-lo. ​E opressores e oprimidos igualmente se temem e se coagem porque O CÉREBRO HUMANO ​AVANÇA PELOS SÉCULOS, MAS O CORAÇÃO NÃO PROGRIDE HÁ 2000 ANOS. ​Senhor, eu permiti à minha boca mentirosa repetir a verdade divina da Tua boca, para fazer sentir que Tu fostes crucificado hoje, ainda agora. Que o Céu ainda se cobre de trevas e estremecem as entranhas da Terra e os mortos se erguem dos túmulos, porque estamos diante de Ti e não somos mais sábios do que os escribas, os fariseus e os príncipes dos sacerdotes que Te pregaram na Cruz. Enquanto a nossa geração se apressa para a conquista de outros mundos no espaço sideral, não tendo ainda sabido tornar este mundo digno dos Teus enjeitados, dos Teus inocentes e dos Teus pobrezinhos, Tu estás diante de nós e nós não sabemos o que fazer contigo, o que fazer de Ti, o que ser diante de Ti. Se seremos como Judas, que Te entregou aos soldados por 30 dinheiros, como Pedro, que Te negou três vezes, ou como Anás, que Te vestiu de branco e Te mandou a Pilatos, ou como Pilatos, que lavou as mãos do Teu Martírio, ou como Simão Cireneu, que Te ajudou a carregar a Tua Cruz, ou como Tomé, que teve que apalpar as Tuas chagas para crer em Ti. E porque não sabemos o que fazer contigo, Tu gemes no crucifixo da sala de jantar de cada família onde os filhos não obedecem os seus pais e os irmãos se voltam uns contra os outros e o egoismo de cada um faz a cegueira de todos, como se nunca se tivesse ouvido um Sermão da Montanha, como se nunca uma Virgem Maria tivesse chorado lágrimas de sangue, caída por terra ao pé de uma Cruz. Senhor Jesus, se algum merecimento tiver diante dos Teus olhos, este meu ímpeto rude mas sincero de chamar a outrem para perto de Ti, permite que eu atreva mais ainda e peça - e peça não para mim, que sou pequeno e mau - mas para o meu país, que é grande, para o meu povo, que é bom e sofredor. É um imenso país, com 60 milhões de brancos, negros e mestiços que Te amam, que numa imponente Catedral de metrópole, ou numa exígua capela de beira de estrada, de fazenda, segurando um chapéu de palha esfiapado, aprenderam a venerar o Teu Nome. Neste momento, eu posso sentir na minha carne, no meu espírito, o frêmito de otimismo que anima este país para o trabalho, para a realização do seu destino e glória do seu futuro. Senhor ...´ Afonso Cláudio 10/04/22 - Ramos da Paixão Hora da Misericórdia

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