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Mensagem: BH nao tem praias ou locais públicos acolhedores. Então ,inventamos os bares, universo onde mesas e cadeiras agasalham braços que, à míngua de outros espaços de acomodação, se entrelaçam, emendando calçadas e ruas, num microcosmo de vozes e gestos amorosos e fraternos. Mas os tempos são outros. Cadê os beijos dos amantes, naqueles enlevos que os álcoois exacerbam, ou mesmo encorajam os tímidos aos passos seguintes , em direção à conquista, onde os bares e cafés serviam às expansões sentimentais? Cadê o burburinho das ruas cheias?Dos camelôs e ambulantes, que fizeram da cidade de todos os mineiros uma representação das velhas urbes orientais? As galerias cheias, a feira de domingo, espaço de artes e lazer, onde Minas se encontra e pulsa com o mesmo sentimento de mineiridade, cadê?Quem devastou nossa história, nossa hospitalidade, nosso acolhimento a todos, mineiros ou não, que nos fazia abrir as portas das nossas casas ao estrangeiro desconhecido, mal nossas mãos se apertavam num gesto indez, nos tornando irmãos desde a epigênese da infância? Cadê Minas? Cadê os Gerais? Um caudilho, desses que não passam de estrume na história, entendeu de roubar nossa identidade, feita de amor e simplicidade, de aconchego e abraços, nos enclausurando numa ilha de tristeza. Belo Horizonte, síntese do Brasil, coração multifacetado, onde o país inteiro se resume, agora é silêncio, tristeza e solidão. Ruas e praças desertas . Nem homens nem ideias. Minas não há mais, como disse o poeta mais mineiro de todos os tempos. Mas o que era só licença poética, ganhou vida e se fez tragédia , sob o silêncio do povo mineiro, não mais como virtude de uma gente trabalhadora, mas como a escatologia de uma população submissa e medrosa, que não tem mais voz e, calada, perde sua identidade e destrói sua história. Pobre Minas, liberdade agora é só uma palavra na bandeira , nada mais. O pior é que não se vislumbra alguém capaz de reerguer nosso estandarte, mesmo que tardiamente.
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