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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Ninguém carrega pasta de ex. Aprendi isso observando o mecanismo que faz girar a roda do Poder. Um juiz chegava ao fórum pontualmente no mesmo horário, e sabendo disso e que ele sempre trazia volumosos processos, porque naquele tempo não tinha nenhum assessor, advogados ficavam à sua espera e, chegando o já envelhecido magistrado aos portões da casa de justiça, o acudiam de pronto, tomando-lhe das mãos os autos, e subiam as escadas até a secretaria, onde depositavam os volumes, sempre sob agradecimento do juiz. Pediu aposentadoria e, publicada esta, no outro dia foi devolver processos em seu poder, muitos. Não havia ali uma viva alma que o ajudasse, subindo as escadas com aquela carga ,sob a indiferença dos presentes. Assim acontece com reis e todas as demais autoridades no mundo. Sem o lastro do poder, as pessoas submergem no oceano comum onde todos navegam, perdidas as tessituras que cerziam seu império, mesmo que modesto, e o tornam alguém que tem somente o passado como referência. Para uns é muito, para outros, solidão. Moro, incensado por muitos em razão de seu ofício, quando da lava a jato, embora com reservas daqueles que acham melhor a absolvição de culpados que violar a legislação penal/processual, viveu seus dias de glória. Mas a glória pode ser a antevéspera do desprezo, porque o enaltecido nunca poderá exercer o direito ao erro, sob pena de ver desabar o seu passado glorioso, estigmatizado pelas circunstâncias do presente. Vejam, nada há de mais vil que alguém, valendo-se da intimidade, confiança ou amizade, gravar uma pessoa e depois tornar público o conteúdo. Coisa a que só os canalhas se prestam. O ex juiz e ex ministro nunca mais será respeitado por quem tem na ética, no dever ser, um norte. Praticou, à revelia de um axioma imperativo da ética, ato revelador de um a personalidade capaz de tudo para alcançar objetivos pessoais.Ademais, seus gestos foram todos calculados, como aquele personagem tolo da Tv , o Chapolin Colorado, pois já com prints a serem exibidos no horário nobre da emissora que vê nele sua chance de ditar as regras no país, como sempre fez até a posse do atual presidente. Não contava com a reação daqueles que não se guiam pela grande mídia e que, por vontade própria, sem nenhuma ajuda oficial, colocaram na presidência seu pupilo, para fazer exatamente o que ele hoje faz: aniquilar a corrupção e os corruptos. Moro olhou-se naqueles espelhos que aumentam a imagem e se viu maior do que é. A biografia dele importaria aos seus pósteros, à história, mas ele achou que podia antecipar os louros e que o tapete lhe fosse estendido desde já, mesmo que ao custo da destruição do país que diz amar e defender. Moro agora é passado. Traiu quem confiou nele e o respaldou com cargo relevante na república. Antes, apenas um juiz de carreira. Depois ministro de Estado. Quanta honra! Sucumbiu, parece, aos apelos do poder e a mosca azul , banido agora à esquerda e à direita, deixando- o na vala comum dos Silvérios dos Reis, figuras sempre presentes na vida nacional. Que suba as escadas sozinho, se tiver forças.

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