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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Abrindo o livro Manoel Hygino Suponho que já tardamos na abertura do livro. É hora, ou já retardamos no reconhecimento de erros do passado, pelo menos para evitar repetição. Há um descrédito generalizado nos partidos e nos políticos, não poucos envolvidos em crimes contra os interesses da sociedade, em desvios de recursos públicos, na organização de quadrilhas, especializadas em tempos recentes, enfim na dilapidação do patrimônio nacional, nas respectivas áreas de atuação. Seria necessário dizê-lo? Cristovam Buarque, já ocupou cargos importantes, pronuncia palestras e escreve para os meios de comunicação, ex-ministro da Educação, e fez uma confissão: “nós (a esquerda brasileira), como bloco, toleramos a corrupção, o aparelhamento do Estado, convivemos com mordomias. Não acabamos com as mordomias, elas aumentaram. Temos que reconhecer que erramos e discutir quais foram os erros”. Eis o mea culpa poderia estender-se a membros de outros partidos que existem no país e cujos integrantes são identificáveis até pela simples enunciação dos nomes. Inúmeros já tiveram suas mazelas e ações criminosas investigadas e esclarecidas. O jurista Sacha Calmon, ex-professor titular da UFMG e UFRJ, escreveu, há algum tempo, sobre “Movimentos Sociais”, lembrando que o “Brasil enveredou pela social-democracia europeia e seu ideário, para impor ao estado objetivos sociais. Disse, então: “é errado supor que o constituinte não devesse fazê-lo. O problema é pragmático. Faltou um ‘sempre possível’ ou ‘na medida dos meios orçamentários’. Exemplo disso é o artigo 6º, a cuidar dos direitos sociais, assim escrito: ‘são direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a Previdência Social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição’. Um sarcástico constitucionalista – não vem a pelo citá-lo – se perguntou se tudo isso cairia do céu, uma espécie de fubá (ou maná, como no mitológico deserto hebraico), ou deveria o Estado, da noite para o dia, realizar o voluntarismo desbragado dos constituintes. Ao que sei, nada daquilo posto no artigo 6º realizou-se a contento. Cá estamos já em 2015 metidos em severa crise. O governo da União falido e sem meios sequer para as coisas mais essenciais”. E era 2015! Mas se constata que a falência não circunscreve-se ao poder central. Lá de cima até na parte mais baixa da administração pública está em semelhante situação. Basta verificar-se o que dizem os jornais impressos, televisivos e falados para constatar que a situação é dramática. Não há recursos para as escolas primárias, faltam merenda escolar, o transporte dos alunos é precário (onde existe); não há com que tapar os buracos nas rodovias, federais e municipais; as folhas por serviços prestados pelos funcionários se atrasa; há movimentos de insatisfação nas ruas e nas repartições públicas; os remédios que chegam à rede de assistência à saúde são insuficientes; o sistema de abastecimento de água e o de esgoto são extremamente exíguos, põem em risco as grandes cidades. E as pequenas, os distritos, os povoados? Chora-se em cada esquina por demandas não atendidas e se apela à revolta pela dor que não esmaece.

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