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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 15 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Pitacos sobre a vida Isaias Caldeira Sim, aos sessenta, um bom observador já viu tudo e pode, querendo, expor seus olhares. Faço-o, não com a tola pretensão da verdade, mas com a firme certeza da sinceridade . Meu amigo, não há fórmula nenhuma para encontrar a felicidade, sonho de todos, pura quimera , mas é possível ter uma vida feliz, o que é diferente. Meus pais deram o exemplo para a família: honestidade e apreço ao conhecimento acadêmico. Logo eles, que nunca foram à escola. 10 filhos formados e graduados! Nada de herança material, mas escola, sem necessidade de trabalho remunerado, embora alguns tivessem emprego, pois não tínhamos mesadas e nem podiam nos dar. Nos ensinaram que até na desordem tem de haver ordem, ou seja, nos hábitos não de todo puros, afinal somos pecadores, termos prudência e discrição. Na bebida, moderação, após os primeiros sintomas do álcool, rumo de casa! Comer o que se quiser e como quiser, porque isso não é da conta de mais ninguém. Aos homens da casa, buscar ter sempre um pouco de dinheiro no bolso, pois não há homem feio ou bonito, gordo ou magro, negro ou branco, velho ou novo, mas duas espécies apenas: com dinheiro e sem dinheiro. Às filhas, recomendavam juízo e independência financeira, afinal não é livre quem depende de outro para viver, especialmente de marido. Acho que apreendemos e guardamos conosco aqueles ensinamentos. Então, mortos meus pais , e me vendo chegar aos sessenta, sabendo que não terei nenhum arrebatamento e nem irei subir em uma “nave de fogo”, como Elias no deserto, vou me preparando espiritualmente para o retorno de onde vim, não sei aonde, se morte definitiva e absoluta, ou para uma invernada em outras paragens, na busca de melhora e evolução do espírito que monta este “cavalo”. Tenho certeza que nunca fiz maldades, deliberadamente, contra alguém, gostando ou não do semelhante. Fiz a caridade que pude, e este foi meu maior investimento, uma poupança onde saco incontáveis “Deus lhe pague”de alguns favorecidos, que na maioria das vezes nem me lembro quem são, mas de quem recebo esses óbolos com a alegria de alguém que encontra um dinheiro guardado e esquecido num bolso de uma calça. Continuo bebendo meu wisky ou vinho, cotidianamente, mal se esconde o sol, porque a luz do astro me diz que o dia é para o trabalho e não congemina com libações alcoólicas. Ainda cultivo outros prazeres ínsitos ao pecado da luxúria, mas que a decência recomenda severo silêncio, quando não nos encontramos entre amigos da mesma geração. Entre os excessos da idade madura- sim, porque velho é quem tem 15 anos a mais que a gente, segundo o livro não escrito da Sabedoria- é recorrente o hábito de se narrarem façanhas próprias da juventude, com uma convicção que desafia aparelhos de detecção de mentiras. Estou ainda pegando jeito e maneira, aprendendo com os amigos, alguns mestres nesta arte, que não prescinde do domínio da retórica e argumentação. Não tenho vocação para santo, apenas uma vontade imensa de ser bom. Minha consciência, eterna preceptora e vigia, me diz que ainda não consegui, mas estou no caminho. Sei que o trágico do erro é acreditar que se está certo, mas conheço minhas boas intenções. As más, sublimo, ou mantenho ferrenho combate. Termino por recomendar, nesta idade quase provecta, que você, meu irmão, tem o direito de existir, de ser e se pertencer. Beba, se quiser. Não vá para academias, se isto virou obrigação social apenas . Coma o que quiser, indiferente às patrulhas e patrulheiros . Dificilmente você vai passar dos 80 anos, mesmo seguindo os manuais mais rigorosos, com suas dietas salvadoras. Todo tempo de vida é suficiente, se foi o bastante para você fazer algo de útil para alguém. Se pudesse deixar um ensinamento para as pessoas, sem muitas palavras, diria apenas, AME. Amor relativiza tudo, perdas e ganhos, e dá ao sofrimento que a todos nós visitará um dia, sua dimensão real, algo que passa e será esquecido ou minorado com o tempo. A felicidade real é a ausência de dor. Um pé com calo agradece quando seu dono fica descalço. Humildemente, pecador confesso, mas sempre bem intencionado, registro minhas convicções , neste momento, afinal,amanhã pode me acontecer uma “estrada de Damasco” e mude minha concepção da vida. Sempre há uma esperança aos pecadores!

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