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Mensagem: Entre Cali e a AML Manoel Hygino No dia 19 de setembro, juntamente com o juiz Renato Jardim, o desembargador Rogério Medeiros Garcia de Lima ministrou palestra na Academia Mineira de Letras sobre magistrados e literatura, presente o juiz do Tribunal de Justiça Militar, Fernando Ribeiro, em sessão presidida pelo escritor Rogério Faria Tavares, presidente da entidade. Disse o magistrado, em resumo: “juiz tem de ser culto para julgar com segurança. Não só cultura jurídica, mas cultura geral. A literatura é indispensável para o juiz discernir entre o belo e o feio, o mau e o bom, o justo e o injusto. Do contrário, será um robô. Este mundo superficial das novas tecnologias nos afasta da boa literatura. A sociedade está doente, com fake news, ódio, incompreensão e falta de afeto. No almoço de domingo uma família inteira, à mesa, não conversa. Cada qual se concentra no seu smartphone. Juízes não podem ser transformados em robôs. As pessoas em geral também não podem ser robotizadas. A literatura salva”. A palestra no palacete Borges da Costa, sede da AML, fez lembrar Cali, Colômbia, na Facultad de Derecho de la Universidad Libre, quando Medeiros evocou o jurista Jorge Eliécer Gaitán, junto a cujo busto, encontrou a frase do ilustre colombiano: “el pueblo no demanda la igualdad sino la igualdad real ante la vida”. Admirador da obra de Gabriel Garcia Marquez, que cita Gaitán em suas memórias, o magistrado mineiro discorreu sobre o tema: “É preciso fortalecer o constitucionalismo democrático, sem esquerdismo ou direitismo exarcebados”. Cabe, por oportuno, lembrar os fatos finais da vida de Gaitán. Aconteceu durante a ditadura de Rojas Pinilla general, sucessor do terrível Gómez, que fugira para a Espanha. Inicialmente, parecia com o novo presidente tudo daria certo. Pinilla tentou amainar a situação, mas implantou um novo sistema tributário para aumentar a arrecadação. Repudiado pela população civil, buscou amparar-se nos militares. Mas amigos e parentes entraram em cena para sua própria arrecadação, construindo fortunas. Repetia-se 1948, o 9 de abril, quando em torno do meio dia, o político liberal Jorge Eliécer Gaitán foi morto a tiros, quando saía de seu escritório, em pleno centro da capital. Um episódio terrível. Pessoas que presenciaram o atentado, segundo Carlos Taguari, agarraram o assassino. Multidão se formou e o criminoso foi espancado até sucumbir. Não satisfeitos, os manifestantes saíram em baderna pelas ruas, depredando tudo que encontravam, desde imóveis a estabelecimentos comerciais a veículos. Milhares em fúria. Resultado: dois mil mortos em dois dias de conflito, batizado de El Bogotazo. Era a resposta de inúmeros colombianos que pretendiam votar em Gaitán para a presidência, interrompida a campanha pela trágica intervenção das ruas. Jamais se soube exatamente de onde ou de quem partira a explosão de violência, admitindo-se que o assassinato de Gaitán fora ato de um louco. Após o Bogotazo, o movimento teve sequência por vinte anos, deixando um legado superior a 200 mil mortos. Denominado depois de La Violencia, o confronto teve ápice entre 1948 e 1958.
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