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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O mouro e o Moro Manoel Hygino De uma hora para outra, embora não constituísse surpresa, dados os interesses em jogo, o ex-juiz Sérgio Moro se vê envolvido em acusações principalmente por mensagens trocadas (?) com procuradores da força-tarefa da “Lava Jato”. O ex-juiz explica: “muita gente teve interesses contrariados, pessoas poderosas que se envolveram em corrupção”. Concluiu o raciocínio: “Falsos escândalos não me farão desistir desta missão. Sempre pautarei com base na lei e na ética”. No episódio, importantíssimo para o Brasil atual, aparece, no centro dos acontecimentos, o magistrado Sérgio Moro na Justiça de Curitiba. Conduzindo-nos sobretudo pelo nome, chegaremos à tragédia de “Otelo, o Mouro, de Veneza”, de Shackespeare, que é lá de 400 anos atrás e considerada uma das peças mais perfeitas do autor inglês. Ali, Otelo é um audaz soldado mouro a serviço de Veneza. Os relatos que faz de sua vida levam-no ao amor de Desdêmona, patrícia que se casa com ele, mas provoca rancoroso ciúme do alferes Iago, que inventou um inexistente terceiro personagem como amante. A jovem esposa é asfixiada na cama brutalmente pelo marido. O enredo, imortalizado pelo poeta de Stratford-upon-Avon, serviu de inspiração para outros autores europeus. Otelo não era ciumento extremado, mas se envolveu nos fatos confidenciados em determinados círculos e se sentiu ofendido em sua boa-fé. Além de matar Desdêmona, suicida-se em seguida. O mouro do lado de cá, aqui e agora, se escreve sem o U e nada tem a ver com o de Veneza. E o ex-juiz, agora ministro, não tem parentesco com Aldo Moro, o grande líder italiano que se empenhou na luta contra a corrupção em sua pátria. Seu empenho foi tão eficaz que lhe custou a vida, sacrificada a serviço de cidadãos de mãos limpas no desempenho de cargos públicos. Escolhido para ministro da Justiça, o Moro paranaense se aproximou do Moro italiano: não do mouro, com U medial, levado à morte pela intriga do próprio alferes. Segundo entrevista a jornal, o de cá declarou: “temos de nos preocupar com as tentativas de retrocesso. Porque o enfrentamento da grande corrupção contraria o interesse de poderosos. É uma ilusão pensar que não vão ocorrer essas tentativas. Temos de assegurar que o navio não volte ao porto. Por exemplo, a própria questão da segunda instância. É fundamental a decisão do STF que no fundo representa colocar o ponto final de um processo num prazo razoável, não se tornar aquele processo que se eterniza, mas chegam a um término dentro de um prazo razoável. Mas a gente não pode estar satisfeito em apenas evitar retrocessos. E isso inclusive foi um dos propósitos que me levaram a aceitar virar ministro. Temos de pensar em avanços”. O pensamento do Moro curitibano não corresponde aos projetos de espertalhões que falharam e, evidentemente, gostariam, de passar o tempo a que foram condenados em liberdade. Não faltam recursos para bons advogados e despesas judiciais. Melhor isso do que ficar detrás das grades, expressão antiga que não representa mais a realidade. O tempo mudou. Mais recentemente, há até refrigeradores para autores de falcatruas de alto quilate e, mesmo os sentenciados por crimes graves contra a vida, conseguem um celular nos espaços que lhe são destinados nos presídios. Precisamos de avanços, diz o ainda jovem ex-juiz, que não almeja uma vaga no Supremo, conforme afirma. Até lá, muita água correrá sob a ponte e fatos novos revelarão o futuro: dos bandidos e dos magistrados.

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