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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Qua 03/07/19 - 10h46 - ´3 de Julho de 1857 - Faço saber a todos os seus habitantes que a Assemléia Legislativa Provincial Decretou e eu Sanccionei a Lei seguinte: Art. 1.º — Fica elevada a cathegoria de Cidade a Villa de Montes Claros de Formigas com a denominação de Cidade de Montes Claros´ Muito bem. Montes Claros também não escapa da grande confusão criada pelo confuso, burocrático e imenso - (na interferência da vida geral) - estado português, que está na nossa origem. Vejamos: - Hoje, Montes Claros comemora 162 anos de ´cidade´, uma vez que festejou o primeiro centenário em 3 de Julho de 1957. - Acontece, como se verá abaixo, que em 16 de outubro de 1932 Montes Claros já havia comemorado, ruidosamente, com muita festa, e estrépito, o mesmo... 1º Centenário. - Afinal, o 1º Centenário ocorreu em 1932, ou em 1957, embora tenham sido duas as comemorações para o mesmo fato? - Aqui, interferem a burocracia e os salamaleques, penduricalhos tão do agrado das cortes portuguesas, mas já no Império do Brasil - 10 anos depois da Independência. Sigamos: - Cidade, como entendemos hoje, numa simplificação, é aquele território definido que tem governo próprio, autonomia administrativa. - E isto M. Claros teve inegavelmente a partir de 16 de outubro de 1832. Nesta data, ali no prédio do hoje Centro Cultural, ao lado da residência daquele que seria empossado presidente da Câmara, e portanto de fato e de direito o primeiro prefeito como hoje chamamos, ali a Câmara Municipal foi empossada. Montes Claros passou a ter governo próprio. É o que distingue municípios de distritos/vilas. - 100 anos depois, com gala, em 16 de outubro de 1932, Montes Claros comemorou o 1º Centenário. Como vai comemorar o segundo centenário dentro de 13 anos, em 2032. Assistiremos. - A data de 1857, no 3 de julho, vê-se claramente, é meramente burocrática, nominal, penduricalho gerado pelo estado, sem maior sentido prático conhecido, e reconhecido. Coisa que o enfadonho estado português, absolutista na origem e essência, legou a nós, sem utilidade, se não a de retribuir favores políticos e ensejar novel beija-mão, tão do agrado das cortes. - Isto posto, é preciso decidir logo: - Os 200 anos de Montes Claros serão comemorados dentro de 13 anos, em 2032, ou em 2057? Agora, a ata histórica de como foi a posse da primeira Câmara Municipal, em 1832. E a narrativa de como 100 anos depois foi comemorado o primeiro centenário. Tudo descrito por Nelson Viana, um agrimensor de Curvelo que veio e se apaixonou por Montes Claros, tornando-se um dos nossos mais notáveis historiadores, ao lado do inesquecível e benemérito médico Hermes de Paula: 16 de Outubro de 1832 E’ solenemente instalada a Vila de Montes Claros de Formigas, criada a 13 de outubro de 1831. Depois da missa celebrada pelo padre Ambrósio Caldeira Brant, dirigem-se todos para a pequena Casa da Câmara, em cujo interior não cabe um têrço dos presentes. Tomam assento na sala todos os vereadores. O cel. José Pinheiro Neves, como Presidente, presta juramento perante os Santos Evangelhos. Os demais membros dessa primeira Câmara Municipal de Vila de Montes Claros de Formigas tomam posse. Abre-se a primeira sessão ordinária, cuja ata vai copiada textualmente: “Primeira reunião sob a presidencia de José Pinheiro Neves. “Aos dezaceis dias do mez de Outubro, de mil oitocentos e trinta, e dous, undecimo da Independencia, e do Imperio nesta Vilia de Montes Claros de Formigas, e Casa de sessoens da Câmara; reunidos cinco Senhores Vereadores, Pinheiro, Abreu, Vieira, Mendonça e Mourão depois de prestados os juramentos de Lei e declarada instalada a Câmara, o Senhor Presidente faz um discurso bem concebido, e declarou aberta a sessão; o Senhor Mourão pedio a palavra, e recitou, outro discurso em que exprimio seos patrioticos sentimentos; o mesmo Senhor leu hum officio dirigido a Camara, pello Senhor Vereador Fernandes, em que se excusava de poder tomar assento na Camara por ser cunhado do Vereador Mendonça na forma do Artigo Vinte e treis cio regimento das Camaras Municipaes, da Lei de primeiro de Outubro de mil, e oitocentos, e vinte, e oito. “O Senhor Presidente poz a materia em discussão; foi aprovada a excusa do Senhor Vereador Fernandes “O Senhor Vieira propoz que se nomeasse Secretario por scrutinio, foi aprovado, e procedendo-se o scrutinio, obteve a pluralidade de votos o cidadão José Bento de Andrade, que achando-se presente prestou juramento na forma da Lei e foi irnpossado “O Senhor Abreu propoz que costando por sua acta, a nomeação de outros Senhores Vereadores, elle requeria que a Camara fosse inteirada dos motivos de sua excusa. “O Senhor Presidente ordenou que o Secretario apresentasse, e lesse hum officio do Senhor Vereador Versiani, em que excusava de exercer conjuntamente, os empregos, de Juiz de Paz do seu Curato, e de Vereador, e que se encarregava do primeiro. Sendo lido o officio foi aprovada a excusa do Senhor Vereador “O Senhor Mourão propos que se extraissem, os diplomas, para com elles, se chamar por officio dous imediatos em votos, para tomarem assento, e posse na Camara, na falta dos dous Senhores Vereadores impedidos; foi aprovado. “O Senhor Abreu propoz que se nomeasse Fiscal, e Suppe ao menos para esta Villa. “O Senhor Prezidente poz a materia em discussão; foram eleitos os cidadãos, para Fiscal, Antonio Pereira da Silva Souto, para Suppe. Innocencio Ferreira de Oliveira “O Senhor Xavier, quero dizer, o Senhor Mendonça propoz a nomeação de um procurador; foi aprovado, e passando-se a nomeação sahio eleito o cidadão Gregorio Caldeira Brantis “O Senhor Mourão propoz que o Senhor Prezidente devia nomear as commissões necessarias para conhecer suas atribuições; sendo aprovado o Senhor prezidente nomeou para a redacção de posturas, os Senhores, Mourão, Abreu e Mendonça, para resposta de officios, os Senhores, Abreu, e Mourão, para a redacção de actas, os Senhores Abreu, e Mendonça, foi aprovado. “O Senhor Mourão propoz que o Senhor Presidente marcasse as sessões, ordinarias, a que deverão comparecer os Senhores Vereadores o Senhor Presidente designou para entrada, das Sessoes ordinárias, para o anno proximo futuro, os dias de Janeiro a vinte; de Abril a vinte; de Julho, a vinte; de Outubro, a vinte; e assim venceo-se. “O Senhor Vieira propoz que se devia fazer participação da instalação da Camara ao Governo da Província, e o mesmo a Regencia e Assembléa; foi aprovado. “o Senhor Mourão propoz que se determinasse ordenado do Secretário o mesmo Senhor arbitrou a quantia de cento e sincoenta mil réis para o primeiro anno. “O Senhor Abreu pediu a palavra e propoz que o referida quantia era desigual aos trabalhos, e subsistencia de hum Secretario, e que conformando-Sse com o exemplo das demais Camaras julgava propocionada a quantia de duzentos mil réis, para o primeiro anno; foi aprovado. “O Senhor Mourão propoz que se convidasse por circular, as demais Camaras da Comarca para cooperarem, sobre a manuntenção da ordem, e authoridade legaes constituídas nesta Vilia; entrando-se a matéria em discussão, foi aprovada. “Dada a Hora o Senhor Presidente deu por fixada a sessão. “O Prezidente, José Pinheiro Neves “Lourenço Vieira de Azeredo Coutinho “Louis de Araujo Abreu “Antonio Xavier de Mendonça “Francisco Vaz Mourão “o Secretario, José Bento de Andrade”. Terminada a sessão, serviram-se bebidas aos presentes. As casas da Vila se iluminaram à noite e terminaram as festas com um grande baile na casa de residência do Presidente da Câmara, cel. José Pinheiro Neves, localizada onde hoje se acha o Palácio Episcopal. Constituía-se a primeira Câmara dos seguintes cidadãos: José Pinheiro Neves, Presidente; Francisco Vaz Mourão, Vice-Presidente; Lourenço Vieira de Azeredo Coutinho, Luiz de Araújo Abreu e Antônio Xavier de Mendonça. O vereador eleito José Fernandes Pereira Corrêa excusou-se de tomar posse por ser cunhado do edil Antônio Xavier de Mendonça, sendo chamado para substitui-lo, José Joaquim Marques; João Antônio Maria Versiani, eleito ao mesmo tempo para os cargos de vereador e de Juiz de Paz, optou pelo último, sendo chamado para substitui-lo, José Antônio de Almeida Saraiva. Além dêstes, foram chamados suplentes, pela ordem das respectivas posses do mandato de vereador: Carlos de Almeida Leite, padre Joaquim Honorato de Azevedo Pereira, padre Ambrósio Caldeira Brant, Pedro Fonseca Cunha, padre Feliciano Fernandes de Aguiar e Domingos Fernandes Pereira Corrêa´ - Agora, um salto de 100 anos: 16 de outubro de 1932 ´Comemora-se o centenário da instalação da Vila de Montes Claros de Formigas, com várias festas e solenidades. Às 5 horas, alvorada e passeata da tradicional banda de música Euterpe Montesclarense, pelas principais ruas da cidade, acompanhada de grande massa popular, sendo, na ocasião, queimados diversos morteiros, em vários pontos da cidade. Às 10 horas, missa campal na Catedral, ainda em construção, oficiada pelo cônego Marcos Van In, cantada, com a assistência pontifical de S. Exc. Revma. Dom João Antônio Pimenta, Bispo Diocesano, tendo tocado a banda de música Euterpe Montesclarense, sendo queimadas várias girândolas. Após a missa, a grande multidão se dirigiu à Praça Francisco Sá, a fim de assistir à inauguração do monumento daquele grande benfeitor de Montes Claros. E’ trabalho do escultor Zaco Paraná. Mede, ao todo, 6,50 metros de altura e é constituído pela estátua de corpo inteiro, todo êle de bronze, medindo 2,60 metros de altura, sôbre o pedestal de granito, onde existem quatro placas de bronze. Na da frente, lê-se: “A Francisco Sá, o Norte de Minas. 14 de setembro de 1930”, e mais “...e, em uma tarde como esta, muito tempo depois, as gerações que a esta geração sucederem, diante do seu monumento, repetirão ainda: Êste foi o nosso melhor amigo” - reproduzindo um trecho do discurso do dr. Carlos Sá, filho do homenageado, na solenidade do lançamento da pedra fundamental do monumento ora inagurado, na tarde de 1.º de setembro de 1926. No lado oposto, lê-se “Gratias tibi agit respublica. I-IX-MCMXXVI”. As placas laterais têm gravuras em relêvo, uma com pontes, estradas de ferro, canais e aviões; outra, com a efígie de Caliope, e dois versos de HoráciO Decende coelo, et dic age tibia Regina, longum Calliope melos. Horat. OD. IV. L. III alusivos aos dons oratórios do homenageado. No ato inaugural, falou Dom João Antônio Pimenta. Às 13 horas, realizou-se a inauguração do edifício da Prefeitura Municipal, todo remodelado, havendo bênção do prédio oficiada pelo cônego Marcos Van In. Seguiu-se a sessão do Conselho Consultivo da Prefeitura Municipal, tendo o Prefeito Orlando Ferreira Pinto convidado o Sr. Bispo para Presidente de Honra. Falaram, na ocasião, o Prefeito Municipal, Orlando Pinto, os Conselheiros João Martins da Silva Maia, o dr. João Antônio Pimenta de Carvalho, e ainda o Juiz de Direito da Comarca, dr. José Bessone de Oliveira Andracle, representando o Presidente do Estado. Tomaram ainda parte na Mesa o tte. Antônio Teixeira, Delegado de Policia, representando o Secretário do Interior e a professôra Lília Câmara, como representante do Prefeito Municipal de Bocaiúva. Na ocasião, foram inaugurados no salão nobre da Prefeitura, os retratos do dr. Olegário Maciel, Presidente do Estado, e do dr. Orlando Ferreira Pinto, Prefeito Municipal de Montes Claros. Deu-se, às 15 horas, a inauguração do Matadouro Municipal, mandado construir pelo Prefeito Orlando Pinto, sendo efetuada a bênção do edifício pelo cônego Marcos Van In. Seguiram-se outras solenidades, como o auditorium das alunas da Escola Normal Oficial, uma parada de alunos de todos os estabelecimentos de ensino, retreta na praça Dr. Chaves e Te Deum, às 20 horas, cantado solenemente pelo cônego Marcos Van In, na antiga Catedral. Terminaram as festas comemorativas com a recepção dada no salão nobre da Prefeitura Municipal, ao povo e à sociedade de Montes Claros, seguindo-se o baile oferecido pela Municipalidade à sociedade montesclarense. - O Grupo de Escoteiros da cidade forma a “Associação dos Escoteiros Antônio Figueira”, em homenagem ao fundador de Montes Claros.

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