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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: As críticas a Francisco Manoel Hygino Dezenove dignitários acusaram o papa Francisco de herege por ser extremamente bondoso com determinados grupos. Querem os insatisfeitos que os bispos se reúnam e que ele seja denunciado por suas posições. Dizem ainda: “tomamos esta medida como último recurso para responder ao prejuízo acumulado, causado pelas palavras e ações do papa Francisco ao longo de vários anos, que deram origem a uma das piores crises da história da Igreja Católica”. É tema extremamente doloroso e difícil, quando se sabe que os problemas da Santa Sé e dos que a servem são publicamente expostos neste tempo das comunicações, sequer escapando os negócios financeiros do Vaticano. Não sem razão, Eamon Duffy, em “Santos e Pecadores”, livro considerado dos mais importantes do século, comentou que o papado tem sido não um mero espectador, mas um ator importante da história. O fato, aliás, é explicado pelo próprio Duffy, do Colégio de Santa Marie Madalene, em Cambridge. Quando o Império romano ruiu e as nações bárbaras entraram em campo para ocupar o vazio, foram os papas – na falta de outra autoridade que se dispusesse (ou foram coagidos pelas circunstâncias?) - a moldar o destino do Ocidente. Houve o fato da Europa emergente, e de pontífices criando imperadores e depondo aqueles que se postavam contra a Igreja. Em nome da paz, dividiram o mundo conhecido e o que seria descoberto entre as potências, influenciando nações e continentes a guerras e instigando as Cruzadas; os cristãos ocidentais contra os muçulmanos do Oriente. Com o aplaudido estudioso de Cambridge, é preciso ter em mente, até para considerar a tese da oposição a Francisco, que aproximadamente 900 milhões de pessoas formam o maior coletivo isolado que o mundo já conheceu, e que têm o papa como líder espiritual. Sua palavra pesa nas salas do poder e nas alcovas dos fiéis. O papado é a mais antiga instituição humana e provavelmente a mais influente. O Império Romano era recém-nascido quando os primeiros papas se elevaram à missão que passaram a exercer. Os sucessores de Pedro, o pobre pescador da Galileia, sobreviveram aos impérios romano e bizantino, à Gália carolíngia, à Alemanha Medieval, à Espanha, à Inglaterra, a Bonaparte e ao Terceiro Reich de Hitler, e, já com Karol Wojtyla, à União Soviética, que já afundava. Os dezenove que se insurgem contra Francisco, o mais destacado é Aidan Nichols, o acusam de não ser rigoroso contra os defensores do aborto, por sua tolerância com os homossexuais, assim como com os protestantes e muçulmanos. Teria errado Francisco ou errados são seus acusadores? Geoffrey Blainey, em sua “Breve história do cristianismo”, registrou que o cristianismo, desde seu surgimento, cometeu muitos equívocos, muito mais do que os primeiros apóstolos imaginariam. Mas sua história não é predominantemente de erros. Os adeptos do futebol, a seu tempo, poderiam afirmar que o pontífice erra por ser torcedor na Argentina do Sam Lorenzo; deveria sê-lo do River Plate ou do Boca Juniors. Seria também heresia torcer para o modesto San Lorenzo?

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