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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 16 de novembro de 2024
 

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Mensagem: De volta ao passado Manoel Hygino Tem-se torcido muito sobre o período militar ou a ditadura implantada no Brasil a partir de 1964. Cada um dá a sua versão, conforme o interesse pessoal ou ideologia. De modo que, hoje, tomei a liberdade de transcrever afirmações de um ilustre causídico, mas sem lhe revelar o nome. Vai por trechos: “Nasci no final do ano de 1959. Passei a minha infância e juventude sob o governo militar. A primeira memória que tenho da minha infância é do meu pai de prontidão, à espera do resultado das ações das forças armadas, num dia que hoje sei ser aquele em que os militares derrubaram João Goulart. Havia combinado com o fazendeiro vizinho que, caso fracassassem, os militares enfrentariam os elementos da liga camponesa à bala, mesmo sob o risco do sacrifício dos familiares, incluindo as crianças, em meio às escaramuças. Vitoriosos os militares, ficamos vivos, escapando do enfrentamento armado. A minha relação com o governo militar de então, iniciada minha juventude, era de indiferença. Depois, passei a achar que a felicidade era poder cantar uma canção censurada de Geraldo Vandré, comprar um disco do burguês Chico Buarque, ou de Caetano Veloso pelado na capa, fatos que pesaram na minha contestação ao regime. De nada valia a vida tranquila, que nos permitia atravessar a cidade a qualquer hora da noite, em bandos adolescentes, sem nenhum perigo, a não ser de algum cachorro bravo solto na rua, sem riscos de assalto ou de perda da vida por alguma bala perdida. Ninguém, do nosso grupo de adolescentes, usava drogas ou mesmo conhecia algo estupefaciente, além de Bacardi com Coca-Cola, limão e gelo, ou o famoso “rabo de galo”, mistura de cachaça, Cortezano e licor de pequi. Falava-se de enfrentamento a guerrilhas e, como ficamos sabendo, alguns foram mortos e outros torturados. Dos que sobreviveram, muitos estão no poder atualmente. Todos os presidentes militares continuaram pobres e nem sabemos quem são seus descendentes. Em governos civis apareceram o MST, MTST, e outros congêneres, atuando em frentes ditas populares, a salvo dos rigores das leis, que em tese valem para todos. Não há mais censura, usar droga não dá mais cadeia, bolsas diversas sustentam mais de 36 milhões de famílias, e as faculdades formam milhares de doutores, especialmente advogados. A gente pode cantar qualquer canção e ficar pelado não escandaliza mais. Gays se beijam em público e até se casam; virgindade é só na oração Mariana; existe a Lei da Palmada, as leis de cotas, e outras tantas em defesa da igualdade formal, que um desavisado acharia que esta nação caminha para ser o melhor dos mundos”. Da casa murada, com alarmes e cercas elétricas, ouvem-se as sirenes do Corpo de Bombeiros e do SAMU, em socorro às vítimas de uma guerra civil não declarada, nas cidades e campos, que mata 60.000 brasileiros por ano, oficialmente. Antes, temíamos o guarda da esquina. Hoje o medo está em toda parte. Está nos encapuzados que depredam lojas e o patrimônio público, em índios que interrompem as estradas e cobram pedágios, nos sem-terras que não respeitam a propriedade privada, no grampeamento sem controle por agentes do Estado, na bandidagem que nada teme e se organiza em facções, formando seus exércitos. O Brasil está se deteriorando, apesar da melhora na distribuição de renda. Há um certo desalento, um desgosto com o rumo das coisas. Todos queremos democracia, que não se confunde com baderna. Queremos segurança e saúde. Melhoras na educação. Bandidos na cadeia. O império da lei e governantes honestos. Não é muito, mas o suficiente para a garantia da liberdade, banindo para sempre os fantasmas totalitários, da esquerda ou da direita.

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