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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Com Darcy e Israel Manoel Hygino Darcy Ribeiro passa a ser nome do anexo do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, em que se encontra o BDMG Cultural e sua galeria de arte. Na rua Bernardo Guimarães, 1.600 (para quem ainda não sabe), junto ao edifício-sede da instituição, batizado como Governador Israel Pinheiro. Pontos de contato: Darcy é meu conterrâneo de Montes Claros, nascido em 1922; convivi com Israel, filho do também ex-presidente de Minas João Pinheiro da Silva, durante o período em que estive à frente da assessoria de imprensa do governo de Minas. Agora os encontro nos edifícios do banco, que recebem o nome dos dois ilustres mineiros. Sequer conheci Darcy, cada um tomou seu rumo na vida, mas mantive respeito por seu trabalho nos vários campos a que se dedicou e às obras que construiu, entre as quais a Universidade de Brasília, os CIEPS, no Rio de Janeiro, ali também o Museu do Índio, o Parque Indígena do Xingu, a Universidade Estadual do Norte Fluminense, sem falar no Memorial da América Latina, em São Paulo. E houve a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, elaborada quando senador. Foi uma figura singular na história brasileira, um brasileiro sinceramente apaixonado por seu país e confiante no futuro. A despeito de seus sofrimentos durante a ditadura militar, não desanimou, sempre pensando fazer do Brasil a mais bela nação do mundo. Faleceu, sem ver realizada a totalidade de seu sonho, mas convicto de que, algum dia, ele se realizaria. Como observou Eric Nepomuceno, conhecia e amava o Brasil. Conversava com todos, dos gabinetes de Brasília às tribos do Xingu, aprendendo sempre. Quando ia a nossa cidade natal, noite descendo, tomava direção dos transmissores da rádio de Paulo Narciso, assentando-se debaixo de uma grande árvore, presente às vezes o jornalista Fialho Pacheco, para contemplarem as luzes noturnas da cidade a ocidente. Sem conseguir concretizar todos os seus projetos, porque inúmeros, talvez irrealizáveis, não se inclinou à adversidade e às perseguições. Deixou romances como “Maíra” (objeto de sessão especial na Academia Mineira de Letras, por iniciativa do historiador Petrônio Brás) e “Migo”, escritos valiosos como “O Processo Civilizatório”, “As Américas e a Civilização” e “Teoria do Brasil”, somando 96 edições em diversas línguas. Ao dar o nome do professor Darcy Ribeiro ao prédio anexo ao Banco do Desenvolvimento, rende-se, assim, homenagem aos vários Darcy, cujo centenário ocorrerá daqui a quatro anos. Àquele mesmo Darcy, que me enviara, no princípio de sua missão ao lado e com nosso indígenas, o volume “Kadiweu: ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza”, que trata de mitologia, xamanismo e arte. Nele, relatava e comentava a experiência, ao lado daquele grupo silvícola, remanescente dos “mbaxaá-guaikuru”, da fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Alguém saberá ou se lembrará? Ficaram conhecidos como “os índios cavaleiros”, devido à sua grande habilidade em montaria, à sua grande criação de equinos e ao porte alto e forte. Em razão de serem guerreiros, as índias cadiuéus só costumavam ter filhos a cada seis anos, pois como não poderiam carregar mais de um filho em cima do cavalo, optavam por só ter outro filho quando o primeiro já possuísse a capacidade de montar sozinho. Foram aliados do Brasil na Guerra do Paraguai, motivo pelo qual tiveram a posse de suas terras reconhecidas pelo governo brasileiro, ao final do conflito.

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