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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 17 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A chave de tudo Manoel Hygino Otacílio Negrão de Lima é o nome da via pública que contorna a Lagoa da Pampulha. Prefeito de Belo Horizonte no tempo em que Benedito Valadares governava Minas Gerais, deixou marcas de sua gestão na municipalidade belo-horizontina, com obras importantes. Entre elas, a construção da represa da Pampulha, que visava aproveitar a água para abastecer a população. Bom lembrar. Otacílio chefiou o Executivo duas vezes, a seguinte por eleição popular, depois de conseguir simpatia e apoio exatamente pelas anteriores realizações. No segundo mandato, construiu o Teatro Provisório, no Parque Municipal, que passaria a chamar-se Francisco Nunes. A capital estava sem uma casa de espetáculos à altura da expectativa e dos foros de cultura conquistado, já que o prédio do Teatro Municipal, na rua da Bahia com Goiás, fora vendido. O sonho era um novo Municipal, em outra área, bela ideia de Juscelino, empreendedor nato e corajoso. Quando JK assumiu a prefeitura, por insistência de Benedito, tinha o propósito de um projeto de um teatro moderno. A situação havia mudado muito, e a obra no Parque Municipal, de alto custo, foi interrompida e aguardou até que Israel Pinheiro, o construtor de Brasília, chegasse ao Palácio da Liberdade. Novas ideias tinham surgido e, assim, nasceu o Palácio das Artes, de que tanto a capital imaginada por Aarão Reis se orgulha. Mas JK já implantara uma obra portentosa, que tanto destacou Belo Horizonte no cenário internacional. Tratava-se do conjunto arquitetônico da Pampulha, aproveitando o que legara Otacílio. O empreendimento ganhou reconhecimento mundial pela Unesco, ao consagrá-lo como patrimônio cultural. Quando o jogo era permitido no Brasil, gente de todo o planeta se deslocava para o Cassino, não apenas uma casa de diversão, mas também de expressão artística. Os cantores mais populares e conceituados do Brasil, das Américas – de Hollywood inclusive – e da Europa por aqui passaram. A Pampulha se transformou em cartão-postal de Belo Horizonte, mas sofre os ininterruptos impactos do crescimento da população, mal preparada, ou sem preparo, para sensibilizar-se com a herança recebida e a preservação de um patrimônio, que temos de transferir aprimorado às futuras gerações. A região é pródiga em atrações outras, como a Cidade Universitária, os estádios esportivos, o Jardim Zoobotânico. Contudo, a degradação é notória e não se pode culpar apenas a administração da cidade pela situação a que chegou aquele pedaço de Belo Horizonte. A Pampulha cresceu e, com ela, o lixo nas ruas, os despejos na lagoa, cujo destino é muito nobre para merecer tanto desprezo. Recordo e transcrevo o escrito por Le Corbusier, há muito tempo: “a arquitetura preside os destinos da cidade. Ela ordena a estrutura da habitação, esta célula básica do tecido urbano, cuja salubridade, alegria e harmonia são submetidas às suas decisões (...) Ela dispõe os prolongamentos das casas, os lugares de trabalho, os espaços destinados a descanso. Ela estabelece a rede de circulação que põe em contato as diversas zonas. A arquitetura é chave de tudo”.

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