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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Os caminhos de José Américo Manoel Hygino O desembargador Rogério Medeiros lembrou, há dias, José Américo de Almeida, que poucos saberão exatamente, hoje, quem seja ou o que representou. Nascido em Umbuzeiro, na Paraíba, há 130 anos, foi um dos maiores vultos da história brasileira no século que ficou para trás. Segundo o magistrado, José Américo era padrinho de casamento de seus avós maternos, João Maurício e Neusa. Pelos anos 1970, a vovó o levava, ainda menino, durante as férias em João Pessoa, a visitar o já velho político. Conta: “Viúvo, solitário, reflexivo, modesto e aposentado, morava na famosa casa da Praia de Tambaú. Ele achava aquilo enfadonho”. Depois de viver no Rio de Janeiro, José Américo, que em 1937, concorreria à presidência da República, apoiado por Getúlio Vargas, candidatou-se, em 1950, ao governo do Estado. E se elegeu. Os adversários e inimigos políticos não perderam oportunidade de alfinetá-lo: “Depois de ficar no Rio de Janeiro, no bem-bom, José Américo quer voltar por cima!”. Política é assim, principalmente no Nordeste em que as rivalidades são intensas, de longa duração e, até, transmitidas geração a geração. José Américo, escritor, pioneiro da literatura regional nordestina, com a “A Bagaceira”, não esquecia seus desafetos e decepções, quando se sentia melindrado. No caso específico de suas ligações com Vargas, achava que este o fizera candidato à sucessão presidencial, mas já urdira o golpe que instituiu o Estado Novo. Em resumo, o paraibano fora passado para trás. Mesmo assim, ambos venceram à sua maneira os “curtos quinze anos”, que antecederam ao fim da Segunda Grande Guerra e a restauração aqui do regime democrático. Deste modo, viu-se nomeado ministro de Viação e Obras Públicas e ministro do Tribunal de Contas da União. Sobre o primeiro cargo, fez publicar dois trabalhos: “O Ministério da Viação no Governo Provisório”, 1933, e “O Ciclo Revolucionário no Ministério da Viação”, no ano seguinte. Nas cidades brasileiras, no final dos anos 30, quando se anunciou a candidatura de José Américo, foguetes espocaram nas praças públicas, mas o projeto de chegar ao Catete gorou. Deu uma longa entrevista à imprensa escrita do Rio de Janeiro (naquela época, não existia televisão) no ocaso da ditadura, em 1945. Ela soou como o “fim de uma época”. Somadas suas declarações à repercussão do Manifesto dos Mineiros, em 1943, ampliavam-se as ideias de um tempo novo para a nação, até porque José Américo defendia a liberdade de imprensa, o que era impossível de se admitir até então. Os dois documentos causaram comoção nos arraiais políticos. O paraibano se revelava um homem corajoso, defendendo pontos de vista e posições. Em 1954, diante da crise pós-Toneleros, foi favorável à renúncia de Getúlio, mas não esperava o suicídio em 24 de agosto. Ouvido sobre a reforma agrária, até hoje um projeto aparentemente quimérico, José Américo foi peremptório. Era contra, assim como com referência à distribuição das terras junto aos açudes, sustentando que essas construções só beneficiavam os grandes proprietários nordestinos. De José Américo, Medeiros guardou dois conceitos básicos: “O mau juiz é o pior dos homens” e “Voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde no caminho de volta”.

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