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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Trump e os latinos Manoel Hygino As controvertidas ou polêmicas posições assumidas – e prometidas em campanha eleitoral – pelo presidente Trump suscitam naturais discussões em todo o mundo, especialmente nas Américas, porque, afinal, os Estados Unidos nelas se localizam. Ademais, o chamado Colosso do Norte tem passado por transformações expressivas com relação aos países do Sul – não é o mesmo de décadas atrás. Sônia Torres, estudiosa do tema, autora de “America Ibrida”, publicada na Itália, dentre outros trabalhos de interesse no gênero, foi aqui comentada, há poucos anos. “Qual o significado e as implicações da crescente “hispanização” de um país tradicionalmente associado à cultura branca, anglo- saxônica e protestante, e à língua inglesa? Pergunta Liana Strozenberg? Evidentemente, a “hispanização” não se cingirá aos aspectos culturais e a realidade já o prova, de maneira inequívoca. No entanto, o presidente republicano não se intimidou ou se intimida, mantendo posições inabaláveis, a despeito da oposição que já enfrenta internamente. Torres lembra que, pela primeira vez na história dos EUA, um ocupante da Casa Branca deveu, em grande medida, sua vitória, no século XX, ao voto hispânico, quando 3,5 milhões de latinos ou hispânicos, votaram na chapa Bill Clinton/Al Gore, em novembro de 1996. Essa presença deverá ser maior no século XXI, quer queria ou não Trump, com toda sua jactância ou arrogância. Verdadeiramente muito se esquece. Raciocino com Sônia Torres em uma dissertação, quando registra que vasta parte do território hoje norte-americano foi povoada por hispânicos, muito antes de ocupada pelos colonizadores franceses e ingleses. O que hoje se denomina Sudoeste dos EUA foi, originalmente, território colonizado pelos espanhóis, tornando-se México depois da independência, em 1821. Em 1846, os EUA, com sua ideologia expansionista, “inventaram” uma guerra com o México, que se encontrava bastante enfraquecido depois de sua independência, ainda em fase de reconstrução nacional. Em 1848, com o controverso Tratado de Guadalupe-Hidalgo, esse grande quinhão passou a ser “americano”, correspondente presentemente ao Novo México, Arizona, Califórnia, Nevada, Utah, metade do Colorado e parte do Texas. O hispanismo é forte no Sudeste dos Estados Unidos. Prova é que um “anglo” dificilmente sobreviverá ali, se não souber falar ao menos o espanhol básico, nem que seja para comunicar-se com as classes “subalternas”. Contrariamente à ideia de fronteira, como limite entre dois países. Admite-se, uma possível parcela de americanos e mexicanos, que ela é um local de intersecção de realidades múltiplas, um espaço de solo comum compartilhado pela América do Norte e América Latina. Não só. Em inúmeras cidades não fronteiriças, como Los Angeles, Phoenix, Albuquerque, Santa Fé, Pueblo, Santo Antonio, Austin e Houston, a presença mexicana é notória. Em San Antonio, décima cidade mais populosa dos Estados Unidos, há mais tejanos do que anglos, como se autodenominam. Mexer nisso é como mexer em caixa de marimbondos.

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