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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Os reveses de uma nobre missão Manoel Hygino É uma história muito antiga que precisaria ser melhor conhecida. Teve princípio no final do século XV, em Portugal, quando a rainha D. Leonor de Lancastre iniciou uma grande obra pia que se estendeu ao longo do tempo e dos continentes. À época, peregrinos e flagelados, açoitados pela fome, peste e guerras, se viram na contingência de buscar assistência nos seus deslocamentos por ínvias estradas da península ibérica. Pessoas sentiram-se, contudo, na obrigação de amparar quantos percorriam os velhos caminhos dos romanos e careciam de abrigo material e ajuda espiritual. Para assistir os errantes cristãos, construíram-se toscos hospitais, mantidos por confrarias. Ao perder o marido e, em seguida, o único filho, ainda muito jovem, Leonor decidiu dar proteção a gente com tantas carências. Em 15 de agosto de 1498, criou a primeira irmandade da Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia, numa capela anexa à Sé de Lisboa, onde desenvolveu um generoso trabalho. Quando faleceu, em 1524, encontravam-se já instaladas e funcionando 61 Casas de Misericórdia pelo país afora, regidas pelo fraterno compromisso de Lisboa. Por mares nunca navegados, como diria Camões, a missão preconizada pela rainha chegou às terras descobertas pelos navegadores portugueses. Em 1539, quinze após sua morte, plantou-se a primeira dessas instituições no hemisfério sul das Américas- a Santa Casa da Vila de Olinda. Em 1540, já existia a igreja de Nossa Senhora da Luz, ou da Misericórdia, e o respectivo Hospital. Em 1630, ambos foram destruídos pelos holandeses e, no ano seguinte, por um pavoroso incêndio que devastou a região. Em 1654, com a expulsão dos invasores, restaurou-se a Capitania enquanto a benemérita obra se estendia às demais regiões do território. A humanitária causa chegou aqui no ocaso do século XIX. Em Belo Horizonte, a Santa Casa nasceu logo após a inauguração da capital e um grupo de pioneiros sentiu a inadiável obrigação de oferecer assistência à saúde da população. Em 21 de maio de 1899, fundou-se uma entidade civil, que permanece até hoje, prestando os mais relevantes serviços à cidade e à sua gente. E a Minas Gerais também. Pois, faltando pouco para completar 120 anos de idade, a Santa Casa de Belo Horizonte, segundo maior hospital em número de leitos SUS no Brasil (há placa informando que são 1.000 leitos SUS, mas são disponibilizados 1.086) está sofrendo os males de ter-se inclinado aos que padecem os males do corpo e da doença. Líder e referência em diversos campos das ciências médicas, com 170 leitos de UTI em um único edifício exclusivamente para o SUS, segundo maior hospital em transplante em Minas, líder nas cirurgias do sistema nervoso de aparelhos circulatório e digestivo e nas cirurgias de mama, maior prestador de serviço de urgência oftalmológica, atendendo a 570 municípios mineiros, realiza 12.207 procedimentos/média por mês. Situa-se entre os quinze maiores prestadores de cirurgia oncológica pediátrica e adulto no Brasil e 1º e 2º lugares respectivamente, em Minas, embora a Santa Casa esteja operando aquém de suas possibilidades. Padece de dramática falta de recursos públicos para manter sua cristã atividade. Há leitos parados. Nem se pergunte a quem cabe a responsabilidade ou a culpa. A falta de solidariedade e soluções se sobrepõe à misericórdia de seu nome.

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