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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Ficando para as calendas Manoel Hygino O Brasil atravessa um dos momentos mais difíceis de sua história, desde 1822. Na República, o período é dos mais delicados, se não grave, e os esforços ora desenvolvidos para resolver os problemas que enfrenta não demonstram ainda força suficiente para vencê-los. O panorama político, administrativo, jurídico, econômico e social já deve deixar insones os que têm a responsabilidade de gerir os destinos nacionais, depois dos desacertos, desvios, desmandos e falcatruas que resultaram na hora presente. Não há pressão, em termo de tempo, para a correção de rumos e atitudes. O pior é que não se trata de soluções para questões rigorosamente da nação, porque todos elas se encontram e formam uma bola de fios, unidos uns aos outros, que precisam ser desenovelados a partir de um ponto único. Em resumo e linguagem comum, estamos todos enrolados em torno de temas, que envolvem e acolhem personalidades, gente de realce e poder de mando e decisão nos altos negócios. Em última análise, os problemas só serão resolvidos de fato quando forem dadas soluções adequadas a cada caso de per si. No caso dos processos em andamento, abrangem extenso elenco de nomes prestigiosos da cena política e ocultam interesses múltiplos, enormes, que precisam ser identificados e investigados, para que culpa não pesem sobre inocentes e incautos. Os acusados de agora simplesmente negam participação nos delitos, o que constitui uma maneira fácil de safar-se. Em outra fase apontam-se pessoas que poderiam esclarecer os fatos e aí começa uma nova, longa e demorada inquirição, por testemunhas dos acontecimentos ou efetivo conhecimento e cuja conclusão se perde nas calendas. Ora, são inúmeros os brasileiros que poderão ser convocados a depor na série imensa de escândalos que têm tumultuado a vida deste país em anos recentes. Se cada réu ou futuro réu indicar dois, três ou mais nomes de pessoas para serem ouvidas como testemunhas ou suspeitos, cairemos indesviavelmente no âmbito da conclusão impossível. Há de levar-se em consideração também que poderão ser convidados a manifestar-se todos os cidadãos-eleitores, responsáveis originais e maiores pela escolha dos que nos representam, de um modo ou outro, nos três poderes. Está-se ganhando tempo, procrastinando, para enfim os crimes serem prescritos e os criminosos ficarem imunes à ação da lei, um péssimo exemplo que ficará para as futuras gerações. Ficaremos, assim, sob o risco de pecar por omissão e, em consequência, por conivência. Será o peso que desabará, irreversivelmente, sobre todos nós, desta geração sofrida que pena, passa dificuldades, mata e morre nas ruas, sob o olhar desinteressado dos potentados. Eis a triste realidade que não podemos ignorar. Não podemos perder de vista, enfim, que somos os autores do futuro. Não seremos perdoados em nossa falha.

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