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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A Vergonha Avay Miranda* O que é Vergonha, ter vergonha na cara, fazer outra pessoa passar vergonha? Um Dicionário diz que Vergonha é pudor, pejo, receio de desonra, timidez e acanhamento. Outro informa que vergonha vem do latim (verecundia), é uma condição psicológica e uma forma de controle religioso, político, judicial e social, consistindo de ideias, estados emocionais, estados psicológicos e um conjunto de comportamentos, induzidos pelo conhecimento ou consciência de desonra, desgraça ou condenação. Para nós a vergonha é um sentimento que nos aparece quando passamos por uma situação vexatória, quando praticamos um ato de falta de pudor, ou quando a pessoa é tímida e tem acanhamento de aparecer em público, ou mesmo de andar na rua. Neste sentido, concordamos com o que diz o primeiro Dicionário. Porém, o que diz o segundo, também está de acordo, pois o sentimento de vergonha depende da condição psicológica e do controle religioso, político, judicial e social. Depende da sociedade e da cultura, onde a pessoa vive. Na questão social, basta apontar um item, a vestimenta, para se vê que, ao longo do tempo o que causava vergonha, atingia o pudor e era considerado desonra, deixa de ter esta conotação. O homem tinha o pudor de andar bem vestido, não usava bermuda, que se chamava calça curta, não tirava a camisa em público. No entanto, os indígenas viviam nus. Enquanto a mulher tinha o pudor de não mostrar partes de seu corpo, andava de vestidos compridos, com mangas longas. No máximo, na praia, a mulher usava um maiô que só mostrava parte das pernas e os braços, cobrindo, contudo, o resto do corpo. Para se ir a uma Igreja, a pessoa tinha uma roupa sóbria, as mulheres sem decotes, com véus na cabeça e os homens com roupas descentes, totalmente diferente do que se vê atualmente. Então, as pessoas perderam a vergonha? Não. Não é isto. O que houve foi a evolução sociocultural. A liberdade individual tem aumentado ao longo do tempo, o que era vergonhoso, hoje deixou de ser, a mulher passou a reivindicar seus direitos, especialmente o de igualdade com os homens, chegando a se expor mais do que seus parceiros. Existe também o que se entende como questão cultural, o que era vergonhoso anteriormente, hoje não é mais. Há um noticiarista de televisão que narra uma notícia mais audaciosa e no final ele diz “isto é uma vergonha!´. Mas, os atos vergonhosos, quer na ética, como no pudor ou na honra, estão tão disseminados na sociedade que nós estamos acostumando e achamos normais. Fala-se muito em vergonha na cara. Entende-se que é a vergonha na cara que reprime a vontade de violação das leis e dos costumes e freia o desejo de praticar atos contra a sociedade, especialmente a vontade de participar da corrupção. O maior xingamento que se poderia fazer a um ser humano, era chama-lo de “sem vergonha”. O filósofo grego, Aristóteles, dizia que a vergonha e o rubor são indícios inequívocos da presença do sentimento ético. * Avay Miranda, Magistrado aposentado, Advogado em Brasília, integrante do Orbis Clube de Brasília, membro da Academia Montesclarense de Letras e do IHGMC.

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