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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 19 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Como era o presídio de Neves Manoel Hygino É história com muitas histórias. Sendo presidente da República Washington Luís e presidente de Minas Antônio Carlos, em 1927 se começou a construção de uma penitenciária em área do município de Contagem, na antiga fazenda das Neves. A obra demorou para ser inaugurada, o que só aconteceu em 18 de julho de 1938, quando o chefe da nação era Vargas e o governador de Estado, Benedito Valadares. José Maria Alkmim, até então secretário do Interior e Justiça de Minas, nomeado primeiro diretor, disse na cerimônia de inauguração: “o mundo penitenciário há de construir uma miniatura do ordinário, de forma que os egressos dele encontrem um universo habitável, onde não se sintam estranhos ou não sejam repelidos. Habituar os detentos ao exercício regular de trabalho agrícola ou industrial, treiná-los para uma carreira ou função na sociedade, eis uma das tarefas primordiais das instituições reformatórias. Num país como o nosso, elas podem chegar a definirem-se como elementos ponderáveis na organização e distribuição das atividades, transformando energias inaproveitadas, ou porque ignorassem ou porque se tivessem encaminhado a rumos perigosos, em efetivos valores de trabalho”. Wanda Figueiredo, num volume rico em informações preciosas, evoca o jornalista espanhol José Casal, em 1940, após visitar Neves. Ele confessa que guardou de sua viagem à penitenciária a mais inesquecível lembrança. Na própria instituição, entre os recolhidos nenhum sentimento de tristeza e desconsolo como experimentara em outros presídios. Dentro do estabelecimento, nem uniforme, nem armas, nem guardas. Quinhentos homens, trabalhando em ordem absoluta, como nas organizações industriais mais perfeitas. “Não existe no mundo (não esqueço estabelecimentos da Suíça e América do Norte) nada superior, tanto na construção como no aparelhamento”. A jornalista Glória Tupinambás, há dois anos, quando a penitenciária completou os 75 anos inaugurais, registrou que a vocação agrícola e industrial fez da Penitenciária José Maria Alkmim, pioneira no Brasil no que concerne a incentivo do trabalho e recuperação de detentos. Havia grande produtividade e o presídio chegou a manter uma loja em Belo Horizonte para comercializar frutos do trabalho dos presos. Fazia ainda questão de manter traços da época: cerca de 80% dos 1.250 presos suavam a camisa diariamente. O então diretor-geral Igor Tavares declarou: “mantemos a vocação para o trabalho e incentivamos a profissionalização dos presos. Os que cumprem pena em regime mais flexível vão para a rua diariamente, sem vigilância direta, atuar na construção civil e em obras importantes, como a reforma do Mineirão. Dentro da unidade, outra turma cultiva horta, tira leite, faz a limpeza e manutenção dos pavilhões e trabalha em fábricas instaladas dentro do presídio. Temos empresas de beneficiamento de alho, de fabricação de tijolos e blocos de cimento e todo o pão consumido na Secretaria de Estado da Defesa Social é feito pelos detentos. Além disso, 315 deles estudam, sendo que quatro fazem faculdade à distância”.

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