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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 20 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O AMARGO CAMINHO DA CONSTRUÇÃO DA VERDADE * Marcelo Eduardo Freitas Em substituição aos mitos e às crenças religiosas, na tentativa de compreender e melhor assimilar o mundo e tudo o que nele habita, surge, aos poucos, bem gradativamente, o conhecimento filosófico. Observa-se, deste modo, que a gênese da filosofia se deu no exato momento em que o ser humano, pensador por imposição natural, passou a buscar explicações, de forma racional, para os fenômenos da natureza. Os filósofos, então, começaram a se perguntar sobre as mais diversas questões que permeiam o pensamento humano. Uma delas é sobre o amargo caminho da construção da verdade. O que é a Verdade? Onde e como buscá-la? Sabe-se que uma das características marcante dos indivíduos é a busca permanente pela verdade. É o candente desejo de comprovar a veracidade dos fatos e de distinguir o verdadeiro do falso. Isso nos coloca frequentemente em dúvidas sobre o que nos fora ensinado desde a mais tenra idade. A busca pela verdade surge, pois, na infância. Não sem razão, ao longo da vida, estamos sempre questionando as verdades estabelecidas pela sociedade. A filosofia, por conseguinte, tem na investigação da verdade o seu maior valor. Não existe uma verdade cujo sujeito possa ser o seu único detentor! Cumpre-nos consignar, de início, que, em consonância com a definição clássica, ´verdade´ é ´aquilo em relação a que não posso me enganar´. Platão, filósofo e matemático da Grécia Antiga, inaugura suas reflexões sobre a verdade afirmando: “Verdadeiro é o discurso que diz as coisas como são; falso aquele que as diz como não são”. É a partir daqui que se começa a formar a problemática em torno da verdade. O ateniense Sócrates, considerado um dos mais sábios e inteligentes de todos os tempos, afirmava que ´a verdade não está com os homens, mas entre os homens´. Aristóteles, o mais eminente dos discípulos de Platão, preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da Macedônia, dizia que “negar aquilo que é, e afirmar aquilo que não é, é falso, enquanto afirmar o que é e negar o que não é, é verdade”. Observem a profundidade da concepção Aristotélica. Absurdamente consentânea com os nossos tempos. Hilário, por seu turno, afirmava que ´o verdadeiro é o ente que se revela e se explica´. Já Santo Agostinho acreditava que ´a verdade é aquilo através do qual se revela aquilo que é... É o critério pelo qual julgamos o que é terrestre´. Para Nietzsche a verdade é um ponto de vista. Ele não define nem aceita definição da verdade, porque diz que não se pode alcançar uma certeza sobre isso. Restaria, destarte, uma intrigante indagação: que critério devemos utilizar para saber em relação a que podemos ou não nos equivocar? Se as nossas faculdades intelectuais são as mesmas, o que leva a entendermos determinadas coisas de modos tão diversos? É preciso distinguir para compreender! Acredito que o homem tende naturalmente para o bem, que os seus atos ostentam o que é bom por meta. Não sem razão, deste modo, se diz que “ninguém erra por ignorância”. O erro, assim, se resume em, conhecendo o bem, escolher o mal. No entanto, ainda que tendendo ao bem, conhecendo o bem, o homem pode errar! E tem errado muito! O erro se qualifica, ainda mais, quando podendo se impedir o mal, o homem se omite, permitindo o insuflar do infortúnio. A mentira pode até ´dar certo´, particularmente em tempo de eleições, quando fortunas são gastas na compra de consciências, mas ainda é uma mentira e não a verdade! A verdade não é simplesmente o que é coerente ou compreensível. Um grupo de pessoas pode se reunir e formar um compadrio com base em um conjunto de falsidades, onde todos concordam em contar a mesma história falsa, mas isso não torna a sua apresentação verdadeira. A verdade não é o que a maioria diz ser verdade! Cinquenta e um por cento de um grupo pode chegar a uma conclusão errada! O nosso dever, assim, é não permitir que o erro atinja a tantos! Uma escolha impensada, materializada em poucos cliques, pode durar quase dois lustros! A palavra grega para ´verdade´ é aletheia, que significa literalmente ´desesconder´ ou ´esconder nada.´ Ela transmite a ideia de que a verdade está sempre disponível, translúcida, aberta e acessível para que todos a possam ver, sem nada sendo escondido ou obscuro A palavra hebraica para ´verdade´ é emeth, que significa ´firmeza´, ´constância´ e ´duração´. Esta definição implica uma substância eterna e algo em que se pode contar. Em latim verdade é veritas. Corresponde à maneira de narrar os fatos acontecidos, a maneira de narrar, assim, determinará a verdade dos fatos. Na concepção hebraica, verdade é emunah, que significa confiança. Nessa concepção, Deus e os seres humanos são verdadeiros se cumprem o que prometem e se não traem a confiança daqueles que neles creem. A verdade aqui está relacionada com a esperança de cumprimento do que foi prometido. É a minha definição preferida! Concluo afirmando que não é possível seguir adiante sem olhar para trás! Há promessas descumpridas! O que dizem que será feito, portanto, não pode ser tido como verdade! Entendeu? (*) Delegado de Polícia Federal e Professor da Academia Nacional de Polícia

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